Bendito o povo que marcha;
Bendito o povo que marcha, tendo Cristo como guia.”
Aconteceu de 10 á 12 de fevereiro, nos pavilhões da Fenachamp na cidade de Garibaldi, o acampamento jovem da 36° Romaria da Terra do RS. Foram dias de muita alegria, partilha, estudos e muita convivência, éramos mais de 170 jovens vindos/as das diversas dioceses de nosso Regional.
Nem as tardes quentes, nem a forte chuva e o friozinho da serra conseguiram desanimar as juventudes ali presente, era intenso o desejo de [re] encontro, o desejo de se conhecer e de celebrar este evento tão importante de nossa igreja; os acampamentos das Romarias da Terra já se tornaram um espaço muito importante pras juventudes de nosso estado, momento em que os/as jovens do campo e da cidade se encontram para refletir as sempre oportunas temáticas trazidas pelas romarias, celebrar a realidade campesina e mais do que tudo criar laços de amizades.
Nesta 36° edição a romaria teve como tema: Terra, Vida e Cidadania e lema: Terra e cidadania: princípios do Bem Viver.
Além disso, foi muito importante nossa participação nas varias oficinas que foram norteadas pelos eixos temáticos: Terra, Vida e Cidadania, e nos propiciou um maior aprofundamento e pertencimento dos diversos temas, como por exemplo: Juventude e Trabalho; Ética do Cuidado; Escola de Jovens Rurais; Economia Popular Solidaria e Cooperativismo; A Teologia da Terra, Reciclagem, e outras.
Um dos Momentos mais significativos do acampamento foi com certeza a Celebração dos/as Mártires da Caminhada, um forte momento de oração que nos fez pensar em nossos projetos de vida. A vida de tantos e tantas que se doaram pela causa do reino é sempre motivador e inspirador a nós jovens que estamos à procura de causas que valem a pena seguir. Além de refletir a realidade das causas de extermínio de milhares de irmãos e irmãs jovens vitimas desse modelo neoliberal que nos usa como bem entende, tenta nos proibir de sonhar e transformar nossa realidade. Também durante a celebração prestamos uma tocante homenagem as também vítimas desse modelo, os/as jovens de Santa Maria. Foi impressionante a força e intensidade em que foram lidos os nomes das 239 vítimas, parecia um trovão gritando “mataram mais um irmão, mataram mais uma irmã”, nesse momento de leitura dos nomes nos colocamos no lugar de cada um e cada uma, porque nós morremos um pouco junto com eles/as. Pedimos ao bom Deus que suas mortes não deixem calar nossa profecia e que as nossas vidas estejam sempre a serviço de tantas outras vidas, pra que tragédias/ genocídios como esta jamais voltem a acontecer.
Já na Madrugada do dia 12 nos despertamos bem cedo pra nos dirigirmos aos pontos de acolhida pra recepcionarmos com muita alegria as varias caravanas que vinham para a Romaria.
Digo sem medo de errar que: Uma Romaria da terra sem a presença dos/as jovens do campo e da cidade é uma romaria incompleta. Que o espirito da Romaria da Terra encha de esperança nossas romarias e lutas cotidianas.
Abaixo segue o depoimento captado nas redes sociais de dois jovens que participaram do acampamento e da romaria.
“Acabo de chegar da 36ª Romaria da Terra do Rio Grande do Sul. Esperanças renovadas. Do chão que gera alimento, que gera vida e nos dá a vida, a certeza que a organização do pequeno é que vai fazer a transformação que tanto sonhamos. É na fé em um Deus libertador que vêm os sorrisos de seguir em marcha, sabendo que as lágrimas secam e passam, mas o sorriso jamais se apaga! O povo quer é celebrar a vida, a sua luta, na sua maneira de expressar a sua fé humilde, desapegada a bens materiais, e que não quer um Deus que ostente ouros, mas que se faz pobre e caminha junto com os pobres. Ninguém tem o direito de negar a importância que a Romaria da Terra tem para nós; de nos tirar isso como se fosse apenas uma atividade pontual! Não se brinca com a fé popular! ("... E a PJ é do povão...")Alegria também em ter [re]encontrado tantos companheiros e companheiras da caminhada, que a fazem ser ainda mais bonita.”
[Aline Ogliare- Diocese de Chapecó, Santa Catarina. Foto acima]
“Talvez um pouco da essência que liga intimamente o campo e a cidade é o compromisso com a defesa da vida, com os desafios de se gestar e cuidar das possibilidades de mudança, transgressão e libertação. Após a 36ª Romaria da Terra, ressoa em mim o constante (e permanente) desafio da humanização, a partir da ética do cuidado cotidiano, que mobilize o comprometimento solidário e fraterno com aquelas/es que habitam o mesmo mundo que eu... Ousemos continuar tendo uma fé encarnada na vida que se expressa pela comunhão e participação de todas/os sujeitas/os.”
[Rafael Barros- Vicariato de Canoas. Foto acima].
Fortalecido na FÉ e nas LUTAS.
Marcelo Soares de Moura - Romeiro do Reino
Nenhum comentário:
Postar um comentário