segunda-feira, 21 de junho de 2010

Para refletir nossa missão!


A missão que nos foi confiada, como seguidores/as de Jesus, é a garantia de vida segura, e com todos os adjetivos que podemos imaginar. É que a vida, afinal, é a grande prioridade desejada por Deus e, por isso, também sonhada pelo ser humano. Jesus quando andou entre nós foi o peregrino da VIDA por excelência. Todos os relatos sobre seus passos contam de vários encontros Dele com a humanidade. Ele vai revelando o amor do PAI que não pára na morte para que a ação de seus seguidores/as, a exemplo do Mestre não se deixe paralisar frente às situações de morte.
Pensar uma Campanha que tem como eixo a defesa da vida da juventude, contra o extermínio organizado pelo Estado e pela Sociedade, que infelizmente olham para a juventude e a elegem como inimigo público, nos desafia a dar respostas inspiradas no mesmo caminho do Bom Pastor. O bom pastor é aquele que garante a vida, por isto, cuida.
Entre as diversas memórias de Jesus na terra está registrado o encontro Dele com uma viúva. As mulheres, na cultura do Seu tempo, não eram consideradas. Elas somente tinham o reconhecimento social se estivessem ao lado de um homem. Esta conduta era natural e respeitada por todos/as daquela sociedade que tomavam isso como normal, porém, Jesus tem outra postura.
O Evangelista Lucas narra este encontro de Jesus com o jovem morto. A viúva tinha um único filho. Portanto, essa mulher, sem o filho, não mais tomaria parte da sociedade e não teria direito de participar de mais nada desta sociedade. Estava condenada à exclusão, era a morte.
A narrativa fala de dois cortejos: sendo o primeiro, o de Jesus, com os apóstolos e uma grande multidão; o segundo cortejo é formado pelo jovem morto, a mãe viúva e uma grande multidão. O cortejo de Jesus está fora da cidade, portanto, no lugar da exclusão; e o cortejo do jovem morto está saindo da cidade, ou seja, entrando para o mundo da exclusão naquela cultura. E o encontro se dá na porta da cidade.
No sistema neoliberal capitalista, hoje, muitas pessoas não são necessárias para manter um grupo de privilegiados com o seu lucro extremado, o prazer imediato, tudo centrado no individualismo egoísta. A concentração do lucro fica com aqueles/as que são proprietários e estão no topo. Há uma parcela grande da humanidade condenada à morte, à exclusão.
Hoje deparamos com este cortejo a todo o momento em nossa realidade. O jovem morto, famílias, de modo especial, mães chorando seus filhos/as e o Estado e a sociedade indiferente a esta realidade. E em alguns lugares, a Igreja – comunidade dos seguidores/as de Jesus está presente na defesa da vida, em outras, há muitas infidelidades ao Projeto de Vida.
Sabemos que há uma parte desta humanidade que não é necessária para que o sistema funcione para gerar os bens para este pequeno grupo que vive no luxo. Entre os condenados e excluídos, estão milhares de jovens. Uma parte deste grupo de jovens não tem acesso à moradia, lazer, escola, saúde, transporte, alimentação. E para eles/elas é oferecida, com muita facilidade, a droga, na maioria dos casos, a mais barata e mais potente na destruição da pessoa - o Crack. Ou, ainda, a rua, o abandono de toda e qualquer política pública. A droga de fácil acesso justifica quase todas as ações de violência contra este público jovem.
Jesus, diante do caixão do jovem, filho único da viúva de Naim, teve vários gestos. O primeiro foi de se aproximar da mãe: “Não chores!” O outro foi tocar no caixão. Gestos que sua religião condenava severamente porque o tornava impuro. Jesus escolhe a vida, não as regras ou mesmo a naturalização destes costumes que rompem com a condição humana. Ele, com sua ação, interfere no sistema nas suas estruturas, muda a situação da mulher da morte para a vida naquela sociedade. Fala com o jovem: Levanta! Reconhece a sua dignidade porque o coloca de pé frente a sua comunidade.
O movimento que estamos querendo provocar com a Campanha contra o extermínio dos/as jovens, convocando a comunidade a reconhecer que a Juventude quer viver com dignidade, com seus direitos respeitados, tendo oportunidades diferentes e equitativas frente as suas necessidades, nos coloca neste mesmo movimento de Jesus, como seus seguidores/as. A Campanha provoca a pensar-nos a sociedade queremos. O que queremos oferecer aos jovens para que tenham vida e possam ficar de pé, na comunidade da qual ele/ela participa, que palavra ele/ela tem a dizer, que espaços e que oportunidades estamos criando para que esta voz seja ouvida?
A Campanha não tem somente a finalidade de organizar os dados ou os números de estatística. A Campanha é um compromisso com a vida: fortalecer os agrupamentos juvenis, redes de proteção, onde os vínculos sejam fortalecidos, a experiência de grupos afetivos como a família, a Igreja sejam cuidados. A defesa dos direitos para uma vida segura.
A Campanha é um chamado de uma Pastoral, portando de Pastores/as que, na trilha de Jesus, quer repetir os caminhos do Peregrino. Por isto, gestos que denunciam a morte, que quebram as estruturas deste sistema neoliberal capitalista que prevê no seu interior a morte de muitas pessoas. A Campanha precisa romper com o que a sociedade está assumindo como natural. Por exemplo, o serviço de segurança pública é para oferecer segurança a toda a população, não é só para defender a propriedade privada, amontoar em cadeias a maioria da população empobrecida, atualizando os campos de concentração que já conhecemos em nossa história, não é para eleger quem ficará vivo e quem morrerá, não é para selecionar a classe de pessoas que está condenada pelo sistema e eliminar em recriados formos de gás, lugar de eliminação dos indesejados do sistema nazista.
A juventude quer viver! Eis o grito que precisa ecoar no coração do/a Pastor/a da juventude que nós, como comunidade dos que crêem no ressuscitado, anunciamos. Fortalecer os grupos de jovens para que eles/elas vivam a experiência eclesial, e todos possam reconhecer, como viveram os primeiros cristão/ãs: Vede como eles se amam!


Carmem Lucia Teixeira, Coordenadora da Casa da Juventude – Goiânia/GO
Celebração de 1 ano da passagem/ressurreição de Gisley Azevedo - Junho 2010

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